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6 de jun. de 2014

‘Quase não dormi’, revela Marcos Pitombo sobre cena de neonazista na novela 'Vitória'


Quando Vanessa Paes Barreto escreveu sua crítica sobre a estreia de “Vitória”, comentou que o núcleo neonazista prometia. Dito e feito. Juliana Silveira, Marcos Pitombo e Raphael Montagner foram responsáveis pela cena mais polêmica e forte da novela até então. E a trama da Record está no ar há apenas quatro dias!
Na cena, exibida na última quarta-feira (4), Priscila reencontrou o flanelinha que tentou atropelar no capítulo de estreia e o convenceu a ir até sua casa. Chegando lá, Paulão, interpretado por Pitombo, tirou a camisa, deixou à mostra uma suástica nazista tatuada no peito, e atingiu o rosto do rapaz com um soco inglês. No capítulo seguinte, Priscila apareceu segurando um taco ensanguentado e o grupo enrolou o corpo da vítima em um tapete, como se nada tivesse acontecido. “Foi um choque. Quase não dormi”, revelou o ator ao blog.
Além de assumir como se sentiu ao ler e interpretar a cena, Pitombo também conta que a grande dificuldade do papel é falar tantas atrocidades e opina sobre a importância de abordar um assunto tão delicado: “Em tempos do “politicamente correto”, muitos temas que deveriam ser tratados acabam não sendo discutidos. E a melhor forma de se vencer um problema é encarando-o de frente, nesse caso, tocando na ferida e gerando a discussão”, afirma.
Confira a entrevista completa que Marcos Pitombo concedeu ao Folhetim:
Desde a estreia da novela, achei que o núcleo neonazista de “Vitória" poderia ter grande destaque pela trama ousada. Depois do capítulo de quarta-feira, tive certeza. Como reagiu ao ler este capítulo?
Realmente foi um choque. Lendo o capítulo nós já sabíamos que seriam cenas fortes, mas confesso que fiquei surpreso com o resultado no ar. Quase não dormi...

Fica impressionado com as falas de Paulão? 
Sim. Falar aquelas atrocidades com a naturalidade de uma pessoa preconceituosa ou homofóbica será sempre uma dificuldade. Nas primeiras leituras, era difícil falar o texto e encontrar o tom correto. Até em casa, eu, que gosto de passar o texto em voz alta, tinha vergonha de falar o texto. Mas acredito que o objetivo aqui é maior, é falar sobre o preconceito para acabar com ele. A minha peça nessa engrenagem é, na hora do “gravando”, fazer o melhor possível, que dizer, nesse caso, o pior... (risos)

Podemos considerar que a cena do flanelinha é apenas o começo destas atrocidades?
Ao longo da novela, eles perseguirão negros, gays e nordestinos, para que possamos falar sobre a intolerância e o preconceito. Dessa forma, levando esse assunto pra casa das pessoas, levantamos o debate, para que cada vez menos situações como essas aconteçam e para que nós possamos ter um país menos desigual e com menos preconceito.

Como é o clima no estúdio quando terminam de gravar as cenas mais pesadas?
Tudo está sendo feito com muito cuidado e responsabilidade, desde a concepção do texto até a realização por parte da direção. E toda a equipe tem contribuído muito, todos os departamentos estão completamente envolvidos, cada um à sua maneira. E durante o set existe um clima de muita concentração, pois sabemos da importância e da seriedade do assunto.

É uma coragem e tanto da autora abordar um tema polêmico destes de forma tão direta, não acha?
Sem dúvida. Acho que a Cris (Cristianne Fridman, autora) está sendo muito corajosa em levar esse tema para as pessoas. Em tempos do “politicamente correto”, muitos temas que deveriam ser tratados acabam não sendo discutidos, enquanto que o nosso objetivo aqui é gerar o debate. E a melhor forma de se vencer um problema é encarando-o de frente, nesse caso, tocando na ferida e gerando a discussão.


Na sua opinião, por que é importante mexer nesta ferida?
Quatro dias antes de a novela estrear, um jovem homossexual foi agredido na Rua Augusta por skinheads e por pouco ele não entrou para a estatística cruel de uma morte por dia por homofobia. Veja bem, uma morte por dia… Esses casos, muitas vezes, não são noticiados e sequer são apurados.


Em um primeiro momento, quando falamos em neonazismo, parece algo distante, coisa de europeu, mas quando vemos os crescentes casos de racismo no futebol, os crimes homofóbicos ou a forma jocosa como os nordestinos são tratados em algumas regiões do país, vemos que é uma realidade mais próxima de que a gente pensa. Sem falar num racismo velado que acontece no nosso país.
Como as cenas têm sido tratadas pela direção e por vocês, atores? Não podemos esquecer que deve ter muita gente doida por aí adorando este tipo de comportamento insano!
O objetivo nunca foi divulgar o neonazismo ou fazer uma apologia a ele. Muito pelo contrário. Os personagens já foram apresentados como psicopatas logo na primeira semana, justamente paro o público não ser seduzido por este discurso. O objetivo é que comportamentos como esse não aconteçam mais.

Como você se preparou para assumir o Paulão?
Antes do início das gravações, nós tivemos uma série de workshops sobre o neonazismo com uma historiadora e pudemos nos aprofundar bem no assunto. Também assistimos a muitos filmes, como “A Outra Historia Americana”, “Tolerancia Zero” e “A Onda”, e documentários. Além disso, fizemos uma pesquisa na internet e nos surpreendemos com a organização que certos grupos já apresentam no país. Existem grupos nas redes socias com mais de mil membros e funpages com mais de 10 mil curtidas...

Teve contato com pessoas destes grupos?
Diretamente não, mas através de depoimentos reais disponíveis no youtube conseguimos conhecer um pouco mais sobre essas pessoas.

Já teve algum retorno do público em relação ao Paulão?
O zelador e o porteiro do meu prédio são, respectivamente, de Campina Grande e João Pessoa, da Paraíba. Os dois são pessoas muito queridas e que sempre acompanham o meu trabalho. Nessa novela, eles disseram que o pessoal ia puxar minha orelha na rua (risos). No final do papo, eles confirmaram o impacto das cenas e falaram da importância de discutir sobre esse ódio, a intolerância e o preconceito. Quando eles disseram isso, ganhei o dia.

'Vitória' vai ao ar de segunda á sexta ás 21h15 na Record.

Fonte : Yahoo TV / Folhetim



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