Quer ter tudo sobre o entretenimento televisivo em suas mãos? Esse blog é um dos melhores lugares

27 de out. de 2011

Crítica de "Patrícia Kogut": Tereza Cristina, até aqui, é uma personagem sem norte

                                                             
Esta semana, Tereza Cristina, personagem de Christiane Torloni em “Fina estampa”, empurrou um homem escada abaixo matando-o. Ao fim da sequência, agradeceu: “Obrigada, Nazaré Tedesco”. Era uma referência de Aguinaldo Silva a uma de suas melhores criações, a inesquecível vilã de Renata Sorrah em “Senhora do destino” (de 2004, veja foto abaixo), que fez o mesmo com o marido. A citação foi válida. Nazaré merece mesmo ser lembrada para sempre. Perversa e capaz das maiores baixezas, era, por outro lado, muito desastrada. Amava a filha que roubou de outra mulher com uma intensidade estranha, doida, e, por esse motivo, interessante. Esse tipo de referência bem-humorada também aproxima o autor daquele público fiel de novelas e que tem na cabeça toda a galeria de tipos importantes da dramaturgia.
Tereza Christina citou Nazaré ao repetir um ato dela na história de 2004. Mas a aproximação entre as duas se encerra nessa brincadeira. O nonsense das atuações ofuscou qualquer possibilidade de compreender se as sequências de “Fina estampa” esta semana eram drama ou comédia.
 

A atual produção das 21h é, como anunciaram seu autor e o diretor, Wolf Maya, “solar”. Nada ali lembra o ambiente sombrio da casa de Nazaré no Bairro Peixoto. Novela solar ou não, o que prejudica o ritmo de “Fina estampa” é a oscilação da Tereza Cristina de Christiane Torloni: uma hora, ela parece uma pessoa com sérios problemas mentais, angustiada por um passado guardado a sete chaves; em outros momentos, é apenas uma mulher fútil e histérica, desagradável aos ouvidos de quem a cerca na ficção e de quem a vê na tela; e em algumas sequências, se torna uma personagem de núcleo cômico, tentando provocar o riso no telespectador. Alguém poderá dizer que ela é mesmo “complexa”, mas isso soará como desculpa: Tereza Cristina, até aqui, é uma personagem sem norte, o que esfria a relação do espectador com a trama. Torloni é experimentada e talentosa, mas texto e direção têm deixado a atriz transparecer que não está em terra firme. Enquanto isso não se resolver, a citação a Nazaré Tedesco deixará apenas evidente a diferença enorme que existe entre as duas personagens.
Na foto abaixo, a malvada Nazaré Tedesco:
                                                    
Fonte: Patricia Kogut

Nenhum comentário:

Postar um comentário